A CASA DO CATETE
A SUBIDA DE GETÚLIO
1928 – CASA DO CATETE NO RIO DE JANEIRO
Em 1928 o presidente Washington Luís governava o país com mais tranquilidade, pois substituiu Arthur Bernardes em 1926 que teve um mandato cheio de conturbações e revoluções. A votação era direta, mas tinham as intervenções dos coronéis municipais nas eleições. Com a política CAFÉ COM LEITE havia um tratado entre Minas e São Paulo que haveria um revezamento entre os presidentes, sempre estimulando os estados nos seus ramos agrários. Desde 1898, os presidentes eram revezados entre o Partido Republicano Mineiro e o Partido Republicano Paulista, mas em 1926 com a posse de Washington, havia de mudar os rumos eleitoreiros do país.
- As eleições estão batendo à nossa porta e não quero entregar o poder para os Republicanos Mineiros.
- Mas o senhor não tem outra saída. Há um acordo entre nós. Uma vez os Mineiros, outra vez os Paulistas. Agora é a vez deles.
- Eu sei! Não precisa me lembrar disso, Germiniano Lira.
- Foi assim em 1926, quando assumiu o poder. Foi sucessor de Arthur Bernardes, de Minas.
- Claro! Mas entregarei o meu mandato feliz, pois quantas realizações. Estamos em tempos difíceis. Os Comunistas atuam fortemente no mundo.
- Não só os comunistas. Mas há uma movimentação no país sobre o Tenentismo. Prestes está na Bolívia, segundo a segurança internacional.
- Eu sei. Mas algo ainda está errado. O Brasil é composto por coronéis e os Mineiros agora estão a favor do voto secreto.
- Não estão. Só estarão se o senhor não entregar o poder para eles. Eles sabem que é a única maneira de ter o poder. A população que ainda votam neste país é dirigida pelos coronéis.
- Vamos ver o que vai acontecer. Vou comunicar com os presidentes de estados. Vamos ver o que acham.
- Certo Presidente.
1928 – BELO HORIZONTE
Os rumores do apoio ao Júlio Prestes pelo atual presidente chocaram os políticos de Minas Gerias, pois segundo as alternâncias, era a vez de Antonio Carlos Ribeira Andrada em assumir o palácio do Catete e ser o novo presidente do país, valorizando mais o seu estado e não deixando de apoiar São Paulo.
- Ele não pode fazer isto!
- Sabemos. Mas pelo que tudo indica, ele lançará Julio Prestes, atual presidente de estado de São Paulo ao seu sucessor. O motivo está claro, continuar com os interesses dos barões de café daquele estado.
- Mas, nós contribuímos e muito para a expansão do país, Francisco Campos.
- Eu sei, Antonio Carlos.
- Se quebrarem nossa política, sobra o estado do Rio Grande. Querendo ou não é um estado que pode mudar os rumos da eleição. Dr. Getúlio Vargas é quem comanda. Precisamos urgente falar com ele.
- Falarei com João Neves para averiguarmos o possível acordo.
- Não é possível, seu secretário. É inaceitável a recusa de Dr. Getúlio e Borges Medeiros.
- Claro, senhor.
- Então vá ao Catete no Rio e verifique a informação. E lá tente ver uma aliança com os gaúchos. É a minha hora em estar como presidente da república.
- O senhor não teme uma derrota?
- Por que a pergunta?
- Porque um candidato apoiado pelo presidente é apoiado pelos coronéis e querendo ou não o senhor fez um mandato contra a eles, colocando o voto secreto no estado. E pelo que sei quer colocar no país.
- Pode ser, mas o povo está comigo.
- Como tem tanta certeza?
- Pelo meu mandato. Senhor Francisco. Façamos a revolução pelo voto antes que o povo a faça pelas armas.
- Então apoiam os comunistas, fascistas e nazistas?
- Não diga isto. Este ano os comunistas farão um congresso, mas estão esfriados com o exílio de Prestes.
- Vamos continuar como estão. Washington faz um bom governo. O presidente dos Estados Unidos estará aqui nos próximos meses para firmar os acordos. Ele ainda terminou a rodovia que liga São Paulo ao Rio.
- Agora e se Dr. Getúlio recusar?
- Senhor Francisco, não tem como recusar.
- O que estou querendo dizer é que Dr. Getúlio foi Ministro do presidente em 1926 e tem bom relacionamento com o estado gaúcho. Os investimentos estão chegando até lá.
- Senhor Francisco, és tão asno na questão política. – Antonio se levantou da cadeira e circulou sua mesa no sentido do secretário – Se for necessário, deixarei minha candidatura pela do Dr. Getúlio Vargas. O poder sempre esteve na cabeça dele. E tenho certeza de que não vai recusar.
- Pode ser. Mas estaria preparado para isto! Um cargo que tanto quis!
- Júlio Prestes não assumirá o poder. Pode escrever.
Trechos do livro A CASA DO CATETE - EM 2013
